O Partido Comunista da China decidiu abolir a política do filho único, permitindo que casais tenham até dois filhos, informou nesta quinta-feira (29) a agência de notícias estatal Xinhua.
A decisão do partido, tomada em reunião de cúpula iniciada na segunda-feira (26) para definir as diretrizes econômicas dos próximos cinco anos, representa uma importante mudança na política demográfica da China.
A controvertida política de filho único foi implementada pelo governo em 1979 para tentar conter a explosão demográfica no país mais populoso do mundo -atualmente, a China tem mais de 1,3 bilhão de habitante.
Ocasionalmente a política incluiu medidas ainda mais duras de repressão à natalidade, como esterilizações e abortos forçados. Quem a descumpre está sujeito a pagar altas multas.
Ao longo dos anos, permissões foram abertas para minorias étnicas e populações rurais.
Há cerca de dois anos, o governo relaxou a política para tentar conter o envelhecimento da população. Entretanto, a flexibilização atraiu menos interessados do que o governo e especialistas chineses esperavam. A permissão para ter um segundo filho se aplicava a casais em que um dos pais é filho único.
O alto custo de ampliar a família é apontado pela maioria como o motivo para desistir da ideia.
A controvertida política do filho único causou um desequilíbrio demográfico e agravou o problema do envelhecimento da população da China. Em 2007, havia seis adultos economicamente ativos para cada aposentado. Até 2040, segundo projeções, essa proporção deve cair a dois para um.
Além disso, há o impacto social negativo, como a discriminação de gênero. Como meninos são preferidos, aumentou a prática do infanticídio de meninas no país. Por esse motivo, os médicos são proibidos de revelar o sexo do bebê durante a gravidez.
Fonte: Folha